30 | NATUREZA | MATÉRIA DE CAPA | Lição #2 S e o dossel define o clima do jardim e a sombra que o sustenta, a camada intermediária é quem articula tudo. É a ponte entre as copas e o solo, entre a estrutura e os detalhes. Essa segunda camada, conhecida como sub-bosque, ocupa a faixa entre 1 e 3 metros de altura e tem papel central na dinâmica ecológica: abriga, conecta, sombreia e alimenta. É onde ocorrem muitas das interações entre plantas e fauna — e onde o jardim começa, de fato, a adquirir complexidade, profundidade visual e função ambiental ativa. Em florestas como a Mata Atlântica, essa camada é composta de arbustos floríferos, palmeiras jovens ou de pequeno porte, herbáceas grandes e samambaias. No jardim, ela tem múltiplas funções: preenche o vazio entre a forração e o dossel, cria sombreamento parcial que regula a umidade do solo, serve de abrigo e alimento para aves e insetos, e organiza o espaço — guiando caminhos, formando divisões ou definindo bordaduras. Conheça os principais grupos de plantas que compõem essa camada intermediária em projetos inspirados na vegetação da Mata Atlântica. COMO PLANTAR A SEGUNDA CAMADA NO JARDIM Para funcionar como na floresta, a segunda camada deve ser implantada em agrupamentos densos (maciços), de três ou mais indivíduos por espécie. Essa densidade garante sombra parcial, retenção de umidade e proteção mútua entre as plantas. O ideal é alternar diferentes texturas e alturas, criando variações visuais sem perder a coerência da composição. Evite o plantio isolado de espécies que, na Natureza, crescem em comunidade. Ao respeitar essa lógica, o jardim ganha profundidade, acolhe mais fauna e requer menos manutenção — pois as plantas se sustentam como um sistema, não como indivíduos separados. A CAMADA DO SUB-BOSQUE Calliandra brevipes – Caliandra (pé-de-boto) A caliandra é um arbusto compacto, de crescimento rápido, com floração abundante e longa — que pode se estender do fim da primavera até o outono. As flores, em forma de pompom, vão do rosa-claro ao vermelho intenso e são ricas em néctar, o que faz da caliandra uma das plantas preferidas de beija-flores. Também atrai abelhas nativas e insetos benéficos. Tolera podas frequentes, que podem ser feitas para controlar o tamanho ou induzir novas florações. É resistente e de baixa manutenção, adaptando-se bem a diferentes tipos de solo, desde que bem drenados. Ideal para bordas de caminhos, delimitação de áreas ou como camada intermediária entre espécies maiores e a forração. TRAGA POMPOM FLORIDO PARA O JARDIM Pleroma mutabile – Manacá-da-serra O manacá-da-serra é uma das espécies mais emblemáticas da flora da Mata Atlântica. Pode atingir de 2 a 6 metros de altura, variando entre arbusto grande e pequena árvore, dependendo da condução. Seu maior destaque é a floração sequencial: as flores nascem brancas, tornam-se rosadas e depois roxas, o que cria um efeito tricolor simultâneo na copa. Por sua origem em regiões de serra (como a Serra do Mar), adapta-se bem a solos bem drenados e à umidade ambiente. Além do impacto visual, suas flores atraem abelhas nativas e borboletas, reforçando a função polinizadora da segunda camada. UMA ESPÉCIE EMBLEMÁTICA Mauricio L.Teodoro - Shutterstock
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