N A T UR E Z A | 67 | Enquanto avaliava seriamente minha escolha de morar em um ambiente devorador de máquinas e utensílios, percebi que meu carro indefeso era quase engolido por uma profusão de folhas e galhos. O verde ali era tão luxuriante que deixaria para trás boa parte dos jardins irrigados que já vi ou projetei. Então, percebi que os mesmos fatores que tentavam destruir cada componente automobilístico parecia causar exatamente o efeito contrário na vegetação. Todo calor, umidade e até um tempero extra da maresia parecia multiplicar aquela farra verde, o que me fez desfocar um pouco do meu infortúnio. Aliás, antes desistir e chamar o socorro e andar alguns quilômetros a pé até conseguir uma carona, peguei ali no chão dois frutos de jenipapo para semear. Afinal, preciso de mais mudas dessa coisa que fica mais forte com a umidade e o calor! Comentei o episódio com meu amigo Roberto Araújo, que delicadamente me cobrava o texto dessa coluna. Ouvindo minhas desventuras, ele sutilmente me mostrou que eu talvez já tivesse um tema para perseguir. Máquinas versus plantas? Talvez, mas seria fácil demais comparar plantas com máquinas e outros utensílios fabricados pelo homem exatamente no campo onde as plantas parecem invencíveis: a estufa tropical a céu aberto que chamo de lar! Mas minha opinião não é exatamente convencional. Não se trata de comparar máquinas com seres vivos. Para mim, plantas, bem como quaisquer outros seres vivos, também são máquinas. Não foram feitas pelo homem, mas se desenvolveram ao longo das eras, otimizando seu funcionamento. Aliás, quando estou ensinando manejo de plantas, costumo dizer que a melhor maneira de não errar no cuidado é comparar planta a uma ByDroneVideos - Shutterstock

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