| MESTRE DAS ORQUÍDEAS | 86 | NATUREZA simples para isso: ao contrário de outras orquídeas que podem demorar uma década para florescer após o cruzamento, as tolumnias atingem a maturidade em apenas dois ou três anos — uma vantagem que impulsionou o entusiasmo dos melhoristas. MINIATURAS ADAPTADAS AO VENTO E AO SOL As tolumnias não se destacam apenas pelas flores. A própria arquitetura da planta é resultado de uma adaptação precisa aos ambientes áridos, iluminados e ventosos das Antilhas. Ao contrário da maioria das orquídeas da subtribo Oncidiinae, elas não têm pseudobulbos evidentes. A reserva de água está concentrada nas folhas, que são espessas, suculentas e dispostas em leque — um arranjo conhecido como hábito equitante. Essa forma de crescimento minimiza a perda de umidade e protege a planta do sol direto. Com no máximo 20 cm de altura, formam touceiras compactas que crescem sobre galhos fi os ou rochas, sempre em locais com boa ventilação e umidade intermitente. As raízes são outro ponto de destaque: finíssimas com secagem rápida e altamente sensíveis à umidade. Por isso, as tolumnia se desenvolvem melhor fixada em placas ou troncos, que imitam as condições de seus habitats de origem. A grande variedade de híbridos deve-se ao fato de elas florescerem entre dois e três anos após a hibridação, enquanto muitas orquídeas demoram uma década PEQUENAS FLORES, GRANDES ESTRATÉGIAS Nas tolumnias, a haste floral surge entre as folhas, fina e exível, balançando com o vento — um detalhe que reforça a imagem das “orquídeas-bailarina”. Em geral, a haste é simples, mas em híbridos pode apresentar ramificações. Um fato interessante: a mesma haste pode emitir novas florações depois da primeira, algo incomum entre orquídeas e mais conhecido em Phalaenopsis. As flores, com cerca de 2,5 cm, compensam o tamanho modesto com um visual marcante. O destaque é o labelo, desproporcionalmente grande, com três lobos bem defin dos. O lobo central, mais expandido, funciona como plataforma de pouso para os polinizadores e costuma exibir padrões vívidos que orientam os insetos — verdadeiros sinais visuais incorporados à flor. Na base do labelo, uma estrutura engrossada chamada calo serve como ponto de contato e diferenciação entre espécies. Já as pétalas e sépalas são discretas, menores e, às vezes, parcialmente ocultas pelo labelo. A coluna, curta e espessa, abriga duas polínias cerosas, como é típico nas orquídeas dessa linhagem. Maja Dumat - Flickr

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