Viaje Mais 293

62 | viajeMais trabalho dos arqueólogos desvendou tudo, o que torna a experiência de caminhar entre as ruínas ainda mais fascinante. No dia seguinte, começamos a preparar o retorno a Aix-en-Provence — e, infelizmente, encerrar essa road trip diferenciada e feliz. Dividimos o caminho de volta, com 66 km, em duas etapas, parando em Salon-de-Provence para dormir. O primeiro trecho foi todo percorrido por uma estrada agrícola que seguia paralelamente aos cênicos Alpilles, que, com seus picos escarpados e que brilham ao sol, propiciam um espetáculo inesquecível. No segundo trecho, partimos para as estradas da Rota do Vinho e as vinhas, que no começo da Sant-Paul de Mausole é o hospital psiquiátrico onde Van Gogh foi internado: tudo ali está preservado, até o quarto onde o pintor ficou (ao lado) viagem pareciam simples estacas de madeira, agora exibiam o viço dos brotos e já insinuavam algumas flores, que mais tarde vão dar origem aos frutos. A primavera já não podia se conter. Foram mais de 350 km em 12 dias e, enquanto curtia esse último dia de pedal, me lembrei de Peter Mayle, escritor britânico que trocou seu país natal pela Provença e publicou uma série de livros sobre essa experiência. Ele, que, como eu, não tinha uma Ferrari, se encantou pelos passeios de bicicleta na região e escreveu: “Viajar dessa forma faz você se arrepender da invenção do carro”. Como discordar? Fizemos nossa despedida da bike, já pensando numa próxima aventura.

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