Viaje Mais 293

88 | viajeMais | resort Klaus Peters, porém, não era um hoteleiro comum. Não era movido apenas por interesses comerciais. Ele temia pelo futuro da Praia do Forte e seu objetivo era transformar o lugar em um símbolo de consciência ecológica e responsabilidade social que poderia ser seguido por outros destinos pela costa. Nesse propósito, o Ecoresort precisava ser exemplar, e, desde o começo, diversas práticas ambientais foram aplicadas ali. Dos 300 mil metros quadrados de área, apenas 20% recebeu construções. O restante foi mantido com matas, restingas e coqueirais, formando um santuário natural visitado não apenas pelos hóspedes, mas por macacos, preguiças, capivaras e outros bichos. Para impedir a especulação imobiliária e fortalecer a vila, garantindo a preservação de sua cultura e modo de vida caiçara, Klaus bolou uma estratégia. Tecnicamente, toda a área em frente à praia e a vila inteira estavam em sua propriedade. Então ele doou parte da sua fazenda para a comunidade e concedeu a posse dos terrenos aos moradores. Mas, para isso, ele impôs algumas regras. Os terrenos não poderiam ser vendidos a forasteiros e toda nova construção não poderia ultrapassar da altura dos coqueiros adultos. Sinais luminosos também foram proibidos na praia, para não desorientar os filhotes das tartarugas marinhas, já que o lugar é o maior berçário desses bichos na costa brasileira. Para lançar o hotel, Klaus ainda realizou um trabalho de capacitação dos moradores da vila, que incluiu projetos de educação básica e de treinamento em áreas da hotelaria, como cursos para camareira, garçom, recepcionista, entre outros. Esta ação evoluiu com o PROES – Programa de Ensino Supletivo –, operacionalizado pela Fundação Garcia D’Ávila e financiado quase integralmente pelo hotel. Como essa política de incentivo, o hotel estabeleceu como percentual mínimo a contratação de pelo menos 70% de mão-de-obra de moradores da região. Hoje, a grande maioria das famílias da região possuem casa própria, acesso à energia elétrica e qualidade de vida que parecia muito distante quando o primeiro tijolo do hotel foi colocado. Em relação às práticas para a conservação do meio-ambiente, o resort implementou ações de coleta seletiva de lixo para reciclagem, reaproveitamento de podas de árvore, estação de tratamento de água própria, redução do consumo de água e energia, entre muitas outras. Em 1982, antes mesmo da inauguração oficial, a Praia do Forte tornou-se sede do Projeto Tamar, referência internacional na conservação de tartarugas marinhas. O apoio do hotel foi fundamental para que o programa se consolidasse, atraindo visitantes do mundo todo para acompanhar de perto o ciclo de vida desses animais fascinantes. Desde a sua inauguração em 1985, o resort adota práticas ecologicamente corretas e foi o primeiro hotel sustentável do Brasil

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