Invasão à Bahia

Pobre Brasil. Desde a anexação de Portugal pela Espanha, o Brasil pouco mais era que uma imensa fazenda abandonada, onde, aqui e acolá, criavam-se bois e cultivava-se cana para fazer açúcar. Sua capital, a Cidade do Salvador, ainda que situada em local privilegiado pela beleza natural; ainda que já houvesse completado 70 anos; ainda que continuasse a ser a maior e mais importante povoação da colônia; contava com apenas 1.400 casas, um colégio jesuíta, duas igrejas e três conventos.

Com os olhos voltados para o ouro do México e para a prata do Peru, o Brasil era tão pouco prestigiado pelos espanhóis, que a própria residência do governador só se mantinha de pé graças a espeques que sustinham as paredes. Mas isso não era tudo. O mais curioso era que, mesmo naquele calcanhar de judas, havia disputa de poder. E disputa acirrada, entre o governador e o bispo, o inquisidor-geral da Santa Inquisição no Brasil.







Aydano Roriz
Aydano Roriz

Nascido em Juazeiro, Bahia, em 1949, Aydano Roriz cresceu em Salvador e mudou-se para São Paulo em 1972, onde trabalhou em revistas por mais de 30 anos. Em 2005, transferiu-se para a Ilha da Madeira, no Atlântico Norte, a 1.000 km de Lisboa. É lá, no Funchal, que gosta de escrever.