Depois de publicar seis grandes romances históricos*, mais um alentado thriller muito bem-humorado – "Rigoletto" – envolvendo o alto escalão da política brasileira, Aydano Roriz retorna ao tema com o qual fez a sua estreia na literatura, a quase vinte anos atrás. Curiosamente, no novo romance, usou os mesmos personagens e, basicamente, o mesmo enredo de "Os Diamantes Não São Eternos". Mas a história foi tão enriquecida que resolveu batizá-la com o título O Jardineiro das Estrelas.
A despeito de não professar qualquer religião, o autor se diz intrigado com o fato de, desde que o mundo é mundo, a maioria das pessoas temer tanto a própria morte e sofrer com a morte daqueles que lhe são queridos. "Da antiga civilização grega às descobertas mais recentes da Astrofísica, pesquisei muito e cheguei à conclusão de que viver não faria qualquer sentido se não fosse a morte" – diz Aydano Roriz. "O universo está em permanente reciclagem e evolução. Por que não seria assim também conosco?"
A trama é ambientada no século 19. Começa quando, surpreendido pela morte, Deocleciano descobre que ainda há muito o que fazer do outro lado. Enquanto isso, na Terra, seu filho Irineu é rejeitado pela família e cresce em meio aos escravos. Desde muito cedo percebeu que só teria futuro longe do engenho do avô. Abre mão de lutar por sua herança e foge para tentar a sorte no garimpo na Chapada Diamantina.
Um na Terra, outro no além, ambos enfrentam desafios semelhantes. Enquanto Deocleciano precisa se redimir da libertina vida pregressa, Irineu busca a redenção valorizando o que o pai sempre desprezou: o trabalho. De leitura despretensiosa e divertida, o romance de Aydano Roriz transita sem preconceitos e com inteligência por temas como pós-vida, reencarnação e destino. É desses livros que não se consegue parar de ler.
(*) O Fundador, O Desejado, Invasão à Bahia, Jornada dos Vassalos, Invasão a Pernambuco e O Desbravador.
