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Fotos: divulgação

MUNDO

11

NERD

I

F I C Ç Ã O C I E N T Í F I C A

E N T R E V I S T A

Foi simples assim?

Hehehe...

Na verdade, liguei um dia para meu

agente e ele me disse que havia

um trabalho na BBC, e era para

interpretar o papel principal em

Doctor Who. Colin Baker, o sexto

Doctor, estava saindo da série.

Assim, me apresentei para a vaga.

Por sorte, eu havia estrelado o

especial The Pied Piper of Manelin,

que havia sido escrita para mim

e fora exibida pela emissora.

Portanto, já me conheciam. Não

demorou para que anunciassem

que eu era o novo Doctor.

Que lembranças você

tem das temporadas

anteriores? Você era fã

da série?

Tenho lembranças

muito esparsas, pois vi a série pela

primeira vez nos anos 1960, com o

segundo Doctor, Patrick Troughton.

Continuei acompanhando durante

alguns anos, mais ou menos até

metade do período de Tom Baker, e

GHSRLV PH WRUQHL DWRU SURíVVLRQDO

Não havia meios para se gravar

nada naquela época e nem havia

reprises, por isso perdi tudo o que

veio depois. Durante muitos anos,

íTXHL VHP UHIHU¬QFLDV GD V«ULH SRLV

não parava de trabalhar. Quando

consegui o papel do Doctor, todo

aquele ambiente representava,

para mim, uma lembrança distante.

Muita gente considera

sua versão do Doctor

como a mais sombria

até aquela época. O

que acha disso?

Fico feliz

que pensem assim. Eu não tinha

ideias preconcebidas em relação

ao personagem, pelo fato de ter

passado tanto tempo sem assistir

à série. Quando comecei, optei

por um tommais humorístico,

pelo fato de que essa é a minha

maneira natural de atuar. Até notar

que aquele era um grande papel

WHOHYLVLYR H GDYD SDUD GLYHUVLíFDU

Se trata de um personagem com

950 anos de idade, que viu muitas

coisas terríveis, assim como outras

maravilhosas, de modo que eu

queria trazer tudo isso para a

minha composição do personagem.

Minha avó, na época, tinha 100

anos e conservava um certo

viço, embora também uma certa

WULVWH]D (OD KDYLD SHUGLGR íOKRV

amigos e estava cansada da vida,

queria descansar de tudo aquilo.

Daí eu pensei que o meu Doctor

poderia incorporar um pouco disso.

No mais, resolvi trazer de volta o

mistério. Fui pesquisar e descobri

que muita coisa sobre quem era o

Doctor havia sido revelada. Quis,

portanto, trazer de volta o Who com

um grande ponto de interrogação:

"Who is he?" ("Quem é ele?"). Trazer

WXGR LVVR ¢ WRQD H ID]¬ OR XP SRXFR

mais sombrio fez parte da minha

interpretação.

Por que a BBC resolveu

interromper a produção

da série em 1989?

Não

estou inteirado dos detalhes mas,

até onde sei, um grande estúdio

GH FLQHPD TXHULD ID]HU XP íOPH

baseado na série, mas insistiu para

que ela deixasse de ser exibida na

TV enquanto a produção do longa

estivesse em curso. E olha que

antes eles haviamme cutucado

SDUD íOPDU XPD TXDUWD WHPSRUDGD

Mas ela nunca aconteceu, por

FDXVD GHVVD KLVWµULD GH íOPH $

série foi colocada em banho-maria,

com o intuito de ser trazida de

volta algum tempo depois. O fato

é que o longa não foi feito e a série

não retornou.

Não se tratava daquele

longa para a TV, de 1996,

então?

Não, estou falando de

um projeto para o cinema. Esse

com o novo Doctor foi feito seis

anos depois e deram um jeito de

me encaixar nele. Foi gentil da

parte da BBC.

Você se surpreendeu por

ter sido convidado para

mais uma vez encarnar

o Doctor nessa ocasião?

Fiquei mais feliz do que surpreso.

Sempre me senti culpado por ter

sido o último Doctor. O fato de

ajudar a trazer o conceito de volta

me encheu de alegria, eu queria

fazer parte daquilo.

Por que a série faz tanto

sucesso hoje no Brasil,

mesmo sendo pouco

conhecida até uns anos

atrás?

A série não havia sido

vendida universalmente. Ela só

teve sua comercialização nos

Estados Unidos quando comecei

a atuar. Não se tratava de uma

grande rede, mas mesmo assim

o fato de ser exibida, pelo menos

em algumas regiões, ajudou a

série a cavar seu nicho, mesmo

que discretamente, infectando aos

poucos a nação americana. Por

um lado foi bom que tivéssemos

parado de produzir a série, pois,

quando ela retornou, chegou com

ímpeto, plena e cheia de dinheiro.

Quando eu atuava, os orçamentos

eram muito minguados. O

retorno de Doctor Who salvou

a dramaturgia televisiva na

Inglaterra. Os reality shows

HVWDYDP GRPLQDQGR D DXGL¬QFLD

e, quando o Doctor voltou, as

pessoas começaram a se tocar

GH TXH R 5HLQR 8QLGR VDELD íOPDU

bons programas.

Você possui um favorito

entre os atores que vêm

interpretando o Doctor

nos últimos anos?

Bem,

como todos os novos Doctors

são mais altos do que eu, é muito

perigoso escolher um só. (risos)

Eu os encontro sempre e quando

veem uma entrevista que eu dei

e constatam que eu deixei de citá-

ORV HOHV Y¬P ORJR FRP D ODGDLQKD

9RF¬ Q¥R IDORX GH PLP 'H PRGR

que digo que gosto de todos.

"

SENTI CULPA POR SER O ÚLTIMO DOCTOR...

ENTÃO, AJUDAR A TRAZER O CONCEITO DE

VOLTA ME ENCHEU DE ALEGRIA

"

SYLVESTER MCCOY

frágil, e luta contra o mal.

ode-se até pensar numa

DERUGDJHP UHOLJLRVD (QíP

tudo isso gera um universo de

histórias muito atraente.

Como você conseguiu o

papel em

Doctor Who

?

Tenho atuado há muitos anos

e uso cachecol há um tempão.

As pessoas acham que todos os

atores que interpretaram o Doctor

usaram cachecol, mas só um o

fez, Tom Baker, o quarto Doctor

[entre 1974-1981]. Ele era um ator

tão brilhante que fez com que

todos achassem que essa fosse a

marca registrada do personagem.

Como eu sempre fui um fã do

acessório, comecei a bradar: “Eu

tenho que ser Doctor Who”. Pedi o

HPSUHJR H FRQVHJXL

Acima, McCoy ao lado dos Daleks e, abaixo, de Maurício Muniz e Heitor Pitombo