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VIAJEMAIS
LUXO
LIFESTYLE
Paris é sempre
uma boa ideia
CAROLINE PUTNOKI EM...
artigo
M
esmo que falar de Paris como
capital gastronômica seja um
pouco
déjà vu
, eu insisto ao
afirmar que a capital france-
sa continua inelutável nesse
quesito. Tudo começa com a qualidade do pro-
duto servido por lá. Se bateu uma vontade louca
de mergulhar no mundo dos atacadistas, um
tour
por Halles de Rungis o fará compreender a
razão dos
chefs
parisienses serem mimados. Ali
é o ponto de encontro de todos os cozinheiros
da capital. Onde há milhares de ingredientes,
vindos de toda a França: dos crustáceos da Bre-
tanha aos queijos dos Alpes, passando por fru-
tas e legumes mais requintados do sudoeste do
país. Tais frescor e qualidade se encontram di-
retamente nos pratos tanto dos bistrôs de bairro
como das mesas Relais & Châteaux.
Esse compromisso de trabalhar com pro-
dutores locais não é uma moda, mas uma
verdadeira tendência que a associação inter-
nacional com sede em Paris integrou há três
anos ao apresentar seu Manifesto na Unesco.
Estabelecimentos clássicos da Relais & Châ-
teaux, tais como Le Grand Véfour, de Guy
Martin, ou o súper na moda Pavillon Ledo-
yen, recentemente sob o comando de Yannick
Alléno, rei dos molhos e das extrações, estão
baseados nesses fortes valores. “De nada ser-
ve ser bretão e propor uma cozinha oriental”,
afirma Olivier Roelinger, grande viajante. “O
cliente deve saber onde está quando degusta
um prato.” Assim é Paris, um condensado da
França e do mundo, onde cada
chef
carrega
seu DNA regional e suas influências.
Meu endereço predileto, o Le Bistrôt Les
Papilles com seu menu “de volta do mercado”,
próximo ao Jardim de Luxemburgo, encarna o
célebre
slogan
do venerado Paul Bocuse: pro-
duto – cozimento – tempero. Outra boa pedida
é Saint-James Paris, mansão localizada no 16°
arrodissement
, onde a
chef
Basselot reivindica
uma cozinha precisa e autêntica, próxima de
suas raízes bretãs, como pode ser visto em seu
prato-assinatura: o bacalhau com cozimento
perfeito (oito minutos a 120 °C).
O fato é que, desde Escoffier, as técnicas
culinárias continuam sendo um privilégio dos
chefs
franceses. Tanto que são exportadas há
muito tempo para o mundo todo. Não será
Gastón Acurio, embaixador da nova gastrono-
mia peruana, nem Alex Atala que dirão o con-
trário. Afinal, muito do que aprenderam vem
da escola francesa.
FOTO: DIVULGAÇÃO
Caroline
é sócia e fundadora da
CapAmazon Tropical Marketing
(cap-amazon.com), agência que
representa a Relais & Châteaux
(www.relaischateaux.com)no Brasil. Ex-diretora do
turismo francês no Canadá, é
especializada nos setores de
turismo, alimentos e bebidas.
Cuida também do blog Brasil à
Francesa (brasilafrancesa.com).
Desde
Escoffier,
as técnicas
culinárias
continuam
sendo um
privilégio
dos
chefs
franceses.
Tanto que são
exportadas
há muito
tempo para o
mundo todo