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2º dia

Pelas

águas

doVelho

Chico

PASSEIO DE

PIAÇABUÇU ATÉ

A FOZ REVELA

CENÁRIOS

DE CINEMA.

LITERALMENTE

N

o filme

Deus é Brasileiro

(2003), do cineasta

alagoano Cacá Diegues,

o Todo-Poderoso, interpretado

por Antônio Fagundes, faz sua

primeira aparição quando

pula de ummastro, situado

no meio do Rio São Francisco,

para pegar uma carona no

barco do borracheiro Taoca

(Wagner Moura). Hoje – para

frustração de alguns –, quem

vai ao local não encontrará o

mastro, instalado só para as

gravações. Em compensação,

tem a oportunidade de conferir

o primor de uma obra divina em

cada detalhe da paisagem.

Conhecido como Rio da

IntegraçãoNacional por abranger

cinco estados brasileiros (Minas

Gerais, Bahia, Pernambuco,

Alagoas e Sergipe) ao longo de

seus 2,7mil quilômetros de

extensão, o incansável Velho

Chico parece reservar seu maior

encanto para o momento em

que se abre rumo ao mar, como

se quisesse entregar ao Oceano

Atlântico a riqueza cultural

que separamMaceió

de Piaçabuçu, sem

falar no tempo do

trajeto de barco

até a foz), deve-

se reservar o dia

inteiro para esse

passeio. E aproveitar

a deixa para fazer

uma caminhada

pela simpática

Piaçabuçu. Algumas das cenas

mais marcantes do filme de

Cacá Diegues foramgravadas

ali. Vários de seus habitantes,

inclusive, atuaram como

figurantes na película. Outros

deram sua palhinha na trilha

sonora, como é caso da Banda

do Rio, que tocamúsicas típicas

da cidade embaladas pelo

conjunto de tarol, zabumba,

sanfona e pífano (instrumento

de origem indígena próprio da

região, semelhante à flauta).

Alguns quilômetros adiante

do cais, chega-se a Pontal do

Peba, uma colônia isolada de

pescadores, cercada por 35 km

de praias desertas ao norte e

a 22 km de foz do Velho Chico

ao sul. Refúgio de tartarugas

marinhas e aves migratórias,

o local guarda dunas de areia

branca – que terminam com

a deslumbrante vista de uma

plantação de coqueiros – e

oferece diversas atividades aos

que procuram adrenalina.

A principal é o

parasailing

,

paraquedas puxado por um

bugue que eleva o turista a 105

metros de altura. Quem nunca

experimentou a aventura pode

até achá-la assustadora, mas

acredite: a paz que se tem,

aliada ao visual panorâmico

das dunas e do mar, fazem

qualquer frio na barriga tornar-

se um coadjuvante.

aprendida comos 14milhões

de brasileiros que se banham,

pescam, lavam roupa e saciama

sede do sertão às suasmargens.

Os passeios até a foz são

feitos em escunas, saveiros,

catamarãs e outras pequenas

embarcações que partem do

cais de Piaçabuçu. A duração do

trajeto pelo rio varia conforme

o tipo de barco. Mas nem é

preciso se preocupar com o

tempo, porque o percurso

é, por si só, um deleite às

máquinas fotográficas, aliando

as belíssimas imagens de ilhas

fluviais, garças e rancharias

(casas de palha à beira-rio

onde pescadores costumam

descansar) ao colorido poético

dos barcos-borboleta – espécie

de embarcação de madeira com

velas quadradas, herdada dos

portugueses e só encontrada lá.

Seu nome deve-se ao colorido

das velas, que mais lembram

borboletas a pousar sobre o rio.

Na chegada à foz, o visual

é mesmo cinematográfico,

com a areia limpinha, as águas

mornas do rio convidando

para um banho, algumas

peças de artesanato deitadas

em um pequeno trecho da

margem e... nada mais. Mas

nem precisa mesmo. Como o

percurso é longo (leva-se, no

mínimo, uma hora e meia para

percorrer de carro os 142 km

Barcos-borboleta no Velho Chico

Férias no Brasil

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Fotos: Divulgação / 1 Heloísa Cestari