Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  47 / 68 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 47 / 68 Next Page
Page Background

Técnica&Prática

47

Para fazer as imagens das Cataratas do Iguaçu, no Paraná, acima, e de Machu

Picchu, no Peru, abaixo, o fotógrafo precisou ter muita paciência

e persistência para esperar a chuva passar e aguardar a luz do fimdo dia

estudá-lo. É o momento para avaliar

enquadramentos, escolher os

pontos de onde irá fotografar e

definir o horário, analisando a órbita

do sol em relação ao tema com o

uso de uma bússola. O ideal é fazer

anotações em um caderno para não

esquecer. Então, volta-se no dia

seguinte no horário escolhido já

tendo os pontos predefinidos, sem

desperdiçar tempo à procura deles.

Além disso, quanto mais você

permanecer num local específico,

seja na natureza ou na cidade,

maiores as possibilidades de

conseguir imagens originais, que

fogem do lugar-comum. É a forma

de superar os clichês e as imagens

padronizadas, exaustivamente

publicadas em cartões-postais e na

internet. Mesmo assuntos

superconhecidos, como a Torre Eiffel

ou o Cristo Redentor, também

podem ser fotografados de formas

inesperadas. Basta tempo e ousadia

para experimentar novos ângulos e

cortes criativos.

O americano Alain Briot, autor

de livros sobre fotografia de

paisagens, ensina que sempre que

está em campo o fotógrafo deve

tentar criar algo que nunca fez

antes. “Saia da zona de conforto e

quebre as regras. Os resultados

podem surpreender, vão ampliar a

sua visão e aproximá-lo da

fotografia autoral”, ensina.

ESTADO DE ESPÍRITO

Persistir em um tema e reservar

tempo a eles não significa

fotografar loucamente. Quantidade

não faz a qualidade. Araquém

Alcântara diz que percebe um erro

comum entre seus alunos de

workshops de natureza. “Muitos

chegam apressados e saem

disparando a câmera antes mesmo

de olhar com calma as cenas

diante deles. É preciso calma para

perceber. Não basta uma rápida

olhada”, disse.

Fotografar não é só uma

questão de técnica e equipamento,

relaciona-se sobretudo com a “arte

do ver”, de prestar atenção nos

sentimentos que a cena desperta

em você. E então buscar uma

forma de transmitir isso na

imagem. O mais importante talvez

seja o exercício do “não fotografar”.

Porque é durante o não fotografar

que realmente se vê. Com a câmera

à frente do rosto o tempo todo,

como é possível ter um insight ou

perceber detalhes que podem

fazer a diferença?

Uma dica é trabalhar a lentidão.

Gaste mais tempo olhando do que

fotografando, relaxado, mas atento.

As distrações são perigosas. Ficar

Tales Azzi

Jornalista profissional formado

pela Unesp em 1999, Tales Azzi foi

repórter de

Fotografe Melhor

entre 2001 e 2004. Há dez anos

é repórter

especial da

revista

Viaje

Mais

, também

da Editora

Europa, para

a qual produz

textos e fotos

em viagens

nacionais e

internacionais.