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Monstros
. Entre tantos heróis da
DC, por que você escolheu o Capitão
Marvel?
O editor Mike Carlinme ligou,
perguntou se eu queria produzir uma história
do CapitãoMarvel, e eu topei. Simples assim.
Como surgiu sua sensacional
versão da Mary Marvel?
Obrigado pelo
elogio. Ela era aminha personagem favorita no
gibi. Fiquei simplesmente rabiscando qualquer
coisa nomeu caderno de esboços e ela surgiu.
Uma menina espoleta em um uniforme que
era grande demais.
sua abordagem dos personagens
clássicos de C.C. Beck foi rejeitada
por muitos fãs nos Estados Unidos?
Você não é um típico desenhista de
super-heróis...
Com certeza houve uns
fanáticos que não gostaramdomeu estilo em
Shazam!. Especialmente por eu ter insinuado
que o CapitãoMarvel e Billy Batson eramduas
entidades separadas, e que um convocava o
outro ao gritar a palavramágica Shazam!
Durante anos, o Capitão foi retratado como
TomHanks emQuero Ser Grande, como se
Billy tivesse o seu corpo transformado no de
umadulto, mas mantivesse suamente infantil.
Na verdade, minha versão era a correta. Em
sua série original, o CapitãoMarvel era um
herói eterno que, embora fossemuito solidário
comBilly, era uma entidade à parte. E todos os
personagens que surgiramdesde então, com
as mesmas características, eram imitações.
Caso do CapitãoMarvel, daMarvel Comics, que
trocava de lugar comRick Jones; e o Homem
Infinito, de Jack Kirby, que trocava de lugar com
o Povo da Eternidade.
Fale um pouco sobre
Rasl
. Você
acha que ela tem o mesmo apelo para
os fãs de
Bone
?
Rasl é um trabalhomuito
diferente, pelomenos em termos do público
que pretende atingir. Ao contrário de Bone,
que visava tanto adultos quando crianças, Rasl
é mais pesada, pois sua trama é focada em
crimes, comgrandes doses de ficção científica
e violência. Nadamuitomais extremo do que
o que se vê na TV, embora a série não seja
voltada para os pequenos. Ela poderá vir a
afastar alguns leitores que não estiverem
preparados mas, ao saber do que se trata,
creio que amaior parte deles vai curtir. Em
sessões de autógrafos, já encontrei pessoas que
gostarammais de Rasl do que de Bone.
Em sua versão, Smith deu personalidades
distintas ao Capitão Marvel e seu alterego.
No alto, a recente
Rasl
, uma HQ mais adulta
Depois de curtir tanto a
Raw
e livros como
Maus
, como foi ser
editado por Art Spiegelman e
Françoise Mouly?
Eu desenhei O Ratinho se
Veste [livro lançado no Brasil pela Companhia
das Letras] para o selo deles chamado TOON
Books, e Françoise deu algumas boas sugestões
que fizeram com que a história ficasse ainda
mais presa ao universo infantil, como a de que
eu devia contemplar o quanto o protagonista
iria se divertir depois de, por exemplo, botar
uma beca.
Você ficou satisfeito com a
maneira que retraram seu trabalho
no documentário
The Cartoonist: Jeff
Smith, Bone and the Changing Face
of Comics
, de 2009?
Sim, claro. O diretor
do filme, KenMills, fez umbom trabalho e
conduziumuito bema entrevista que aborda
meu processo criativo e as ideias em relação à
minha forma de arte. Foi legal ter registrado
para a posteridade momentos emque Bone
ainda estava sendo produzido e fiquei muito
lisonjeado ao ver alguns dos meus colegas
dizendo coisas bacanas aomeu respeito.
Para encerrar este papo, fale um
pouco sobre
Tuki: Save The Humans
,
seu trabalho mais recente.
Tuki
surgiu da minha paixão por paleontologia
e homens pré-históricos. É a história
da primeira debandada de humanos do
continente africano há 2 milhões de anos.
Tuki, umHomo erectus errante, ganha aliados
e enfrenta diversos obstáculos enquanto tenta
ser o primeiro homem a deixar o continente.
No que diz respeito ao tom, esse trabalho
lembra muito Bone, pois a história tem humor
e um elenco de personagens dos quais gosto
mais a cada página nova. Tuki: Save the
Humans, aliás, pode ser lida de graça no
meu site
www.boneville.com .