Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  25 / 84 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 25 / 84 Next Page
Page Background

25

VIAJEMAIS

LUXO

AUSTRÁLIA

junho de 1770, experimentou a pior delas: encalhou

ali seu navio Endeavour, que teve seu casco perfura-

do pelos afiados recifes. Por 20 horas, os homens de

Cook lutaram para salvar o navio, bombeando para

fora a água e jogando cargas ao mar, inclusive ca-

nhões, para aliviar o peso. Mais leve, o Endeavour foi

salvo e Cook demorou dois meses para consertar o

estrago e prosseguir viagem. Encalhou porque nunca

outro navio europeu havia passado por ali e era ele

quem fazia pela primeira vez os mapas da região.

Pensava em Cook quando o helicóptero deco-

lou do heliporto do resort e, em poucos minutos,

mostrou do alto o mundo multicolorido da Grande

Barreira. Ele jamais viu daquele ângulo toda a beleza

que descobriu. Fica quase na superfície e, em alguns

locais, parece até estar sobre a água. A viagem de

magníficos 50 km, dos 2.300 km que compõem a

Grande Barreira, terminou em uma plataforma no

meio do Pacífico, exclusivamente construída para o

pouso de helicópteros. Dali, um barco levou até uma

plataforma maior, onde estavam as roupas prepara-

das para quem quisesse ir reolhar os corais de perto.

Dessa vez havia correnteza no mar. Escondido

dentro da vestimenta preta, de máscara e

snorkel

,

era preciso usar as nadadeiras com mais força. Mais

FOTOS: ROBERTO ARAÚJO / 1 DIVULGAÇÃO

de uma vez tive de me apoiar nas cordas e boias

estrategicamente colocadas nas redondezas. Do alto

da plataforma, salva-vidas observavam. O código

combinado era simples: qualquer medo ou perigo,

bastava levantar o braço e uma moto aquática iria

até o local resgatar o temeroso mergulhador. Não

foi preciso. Eu já sabia o esquema: inspira, deixa-se

envolver pelo visual cheio de cores extraordinárias;

expira, vê o balanço das anêmonas; inspira, entra

no meio do cardume; expira, sente até vontade de

chorar de tanta beleza; inspira.

Mesmo que tenha uma câmera fotográfica à

prova d’água, pode se dar ao luxo de apenas curtir

o mergulho, sem se preocupar em documentar a

aventura submarina. Isso porque outro passeio, que

sai ali mesmo da plataforma, acontece em um barco

com fundo de vidro. Com qualquer celular, dá para

fazer excelentes fotos subaquáticas de corais ou

peixes enormes — e permanecer seco. A diferença

é que no barco a gente se sente apenas um obser-

vador e, no mergulho, faz parte de verdade daquele

mundo incrível.

PIQUENIQUE CHIQUE

De volta ao helicóptero, o piloto havia reserva-

do o mais emblemático recife para o voo da volta:

o

heart reef

, ou recife do coração, feito capricho-

samente pela natureza para a gente se encantar.

Encanto que tiraria meu fôlego quando apareceu a

praia de Whitehaven, considerada por muitos a mais

bela do mundo. As rochas das ilhas de Whitsunday

não têm a branca sílica, mas por milhões de anos as

correntes marítimas trouxeram de longe o mineral

e, além da praia, fizeram um desenho entre as ilhas

da região. Não há Photoshop que consiga tantos

tons de azul, turquesa ou branco.

O piloto chamou a areia de talco. Era 98%pura

sílica. A voz entrava pelos fones enquanto ele

manobrava o helicóptero sobre o mar do Pacífico

para pousar em Whitehaven. Apesar de tanta be-

leza, não havia ninguém na praia. Apenas um bar-

co solitário. Agitação por ali — guarde esta data

— será no próximo dia 13 de novembro, quando

haverá o “Whitehaven Beach Ocean Swin”, prova

de natação no mar que faz parte do triátlon das

Ilhas Hamilton.

Os dois helicópteros do passeio “O melhor de

dois mundos”, o bom apelido inventado pelo resort,

pousaram frente a frente. Os pilotos abriram o guar-

da-sol com o logotipo da One&Only, acomodaram

as bolsas térmicas repletas de comidas e bebidas.