

No século 19, três
quartos de todo
café produzido no
mundo saíam do
vale fluminense,
que hoje abriga
fazendas históricas
abertas à visitação
N
a década de 1860, 15 cidades que cir-
cundam o Rio Paraíba, a aproxima-
damente 130 km do Rio de Janeiro,
desde Vassouras até Resende, pro-
duziam 75% de todo o café vendido
no mundo. O chamado ouro negro alavancou o
desenvolvimento do Brasil, trouxe ferrovias e ilu-
minação pública e permitiu a construção de ca-
sarões que mais pareciam palácios rurais, deco-
rados com tudo o que havia de bom e de melhor
na Europa. Depois, o ciclo entrou em decadência e
a região amargou décadas de vacas magras. Nem
por isso, porém, perdeu a pompa de outrora. Hoje,
pelo menos 30 fazendas no Vale do Café abrem
suas porteiras a visitantes para mostrar um pouco
da opulência, da tradição gastronômica e das his-
tórias que marcaram o tempo dos barões.
Sem pressa, quem visita a região viaja ao pas-
sado e faz uma boquinha acompanhada de um
bom dedo de prosa, como costumava rolar na fase
áurea do grão. A maioria dos casarões serve doces
feitos no tacho, à moda antiga, bem como quei-
jos artesanais, bolos assados no fogão à lenha e
o onipresente cafezinho coado na hora. Enquanto
se delicia, o convidado enriquece o conhecimento
com os locais, que nunca cansam de contar histó-
rias: de escravos a viscondes.
Antes de fazer essa viagem no tempo, fica a
dica: é preciso agendar a visita com antecedência.
O acesso a quase todos os casarões é feito por es-
trada de terra, mas as semelhanças acabam por
aí: embora todas as fazendas respirem história e
boa comida, diferem entre si em estado de conser-
vação e objetos e mobiliário que abrigam. Confira
sete dessas joias da região que podem, e devem,
ser visitadas em qualquer época do ano em um
passeio com cheirinho bom pelo Vale do Paraíba.
Férias no Brasil
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